terça-feira, novembro 07, 2006

As bundas folgadas

19 horas, Estação Mercado, trem cheio. Os que pegaram lugar, pegaram os que não pegaram, ficam em pé. É a lei da natureza, da sorte e da física. Mas sempre tem quem está disposto a passar por cima destas leis, no famoso jeitinho brasileiro:

- "Ei gente, se vocês derem uma apertadinha cabe mais um nesse banco".
Geralmente essa frase é de uma tia gorda que já vem direcionando aquela sua bunda. Ma maioria das vezes as pessoas, pegas de surpresa e com uma prejudicial falta de tolerância zero, a contragosto acabam se apertando no banco para a folgada bunda da folgada.

Mas às vezes pode acontecer a resistência:
- "Ei gente, se vocês poderiam dar um lugarzinho a mais aí pra mim?"
-"NÃO!" - responde alguém que mesmo trabalhando o dia inteiro, soube se posicionar estrategicamente na plataforma e ter agilidade na hora do estouro da boiada.
A folgada continua ali parada com sua bunda, meio que não acreditando que um dia alguém iria dizer não.
-"Meu rapaz. É só uma apertadinha, não vai fazer mal pra ninguém, o que que custa?"
E apela para um clichê engraçadinho para passar por gente boa e ao mesmo tempo tornar o resistente um antipático mau-humorado:
- "Esse banco é como coração de mãe... sempre cabe mais um...."
O desalmado, mau-humorado, ranzinza, cansado e a essa altura, um verdadeiro anti-cristo, mas mo se sentindo visto com todos esses adjetivos, sabe que está no seu direito e perde a paciência:
-"Minha senhora, como todos podem notar, este banco foi projetado para quatro pessas sentarem confortavelmente. Eu estou confortável aqui. A senhora quer me convencer de que devemos ficar entre CINCO pessoas no desconforto simplesmente para que UMA não tenha que ir em pé? - Nesse caso, o egoísmo é todo seu, minha senhora."
O trem segue viajem, com os bancos para duas pessoas, com duas pessoas, os bancos de quatro pessoas com quatro pessoas e os bancos de seis pessoas, com seis pessoas. Pelo menos naquele vagão.

1 comentário:

K. disse...

isso quando, num banco que é pra dois, está apenas uma pessoa sentada mais as suas sacolinhas, ocupando o outro assento.

é mais fácil convencer as sacolinhas que troquem de lugar do que a dona delas.